Mais um dia como outro qualquer. Digo, como todo os outros
iguais a esse e iguais a todos os outros de segunda à sexta, entendeu? Os dias
pra mim viraram degraus: meia noite eu subo um e sento e fico sentada até dar
meia noite de novo e subir mais um. A parte ruim é ter que ficar sentada. TER
que ficar sentada. Sentada, quieta, esperando. Esperar não era meu forte, mas a
cada degrau o meu forte se torna esperar.
Nos primeiros degraus olhava pra cima e não via o fim, achava
os dias longos, eternos, muito eternos. Bem exagerado, mas sim, pra mim eram
eternos. Na verdade toda essa eternidade vinha da minha não paciência, que
agora não existe mais, aliás, se tornou menor que a paciência dita só. Enquanto
fico sentada, esperando pela meia noite, eu planejo, sonho e lembro. Eu cresço.
Pequenos diante de mim e do que sinto, os obstáculos, principalmente os que não
vejo, mas sei que existem.
Agora olhar pra cima e ainda não ver o fim não me importa
mais. O que importa pra mim é que eu vou ver o fim, é o que eu quero. Eu
escolhi e vou até o fim. Não importa o tempo, os degraus me ajudam, o que sinto
me ajuda, meus desejos me ajudam, minha fé me ajuda, até os obstáculos me
ajudam. E sabe o que eu penso? É contraditório, ou não é, mas pode ser. Enfim,
penso e sinto, sim eu sinto, que o fim ta mais perto do que penso.
(gosto quando começo escrevendo nada e termindo dizendo tudo.)